Labor

2011 >> 11 >> Labor

Há exatos dois anos atrás, num dia nublado e chuvoso como hoje, eu sabia que estava pronta, e Alice também.

40 semanas, reta final, entro em trabalho de parto às 22 horas… a partir de então, não houve medo, eu sabia que o que estava por vir seria mágico e que estar consciente era o que importava (e eu só soube disso quando parei de ouvir as opiniões sobre parto e ouvi meu coração), tomei uma ducha no aguardo da enfermeira obstetra (parteira das boas) Tatianne Frank, que veio não só com seu conhecimento técnico, mas com todo coração e voz interior que a cada momento me enviou forças, no pé do ouvido, nunca esquecerei “você é uma guerreira, sua filha em breve estará entre nós, espere o tempo dela”. Feminino ancestral, deusas, mulheres, força…

Foi uma madrugada e tanto, como o Rafael esqueceu de gravar a playlist do parto, ouvimos incessantemente uma música relaxante com passarinhos ao fundo, mas em algum momento eu não ouvi mais nada, o Rafa estava comigo na banheira, a luz de velas, quando entrei na partolândia… A lembrança que tenho hoje é totalmente sensorial, primitiva, havia dor porém a intensidade dela é que me conduzia ao meu verdadeiro ser. Com o passar do tempo, a respiração e os movimentos na água já eram sincronizados, e dessa forma a dor amenizada.

Pela manhã chega outro anjo, a enfermeira Alessandra, nesse momento eu estava no estágio fúria (a maioria das mulheres passa por isso a partir de 8 cm de dilatação). Qualquer som que não fosse orgânico me tirava o foco, eu não queria conversas, ou toque algum, foi quando a Ale começou a massagear minha lombar e a fazer reiki, eu estava cada vez mais no núcleo do meu ser…

O tempo corre, não me lembro a hora exata, minha bolsa é rompida, Alice desce, fico um bom tempo no período expulsivo. Dr Jesus e o pediatra Dr Paulo já haviam chego.

Alice nasce 15 horas depois do início de trabalho de parto, no dia 15 de novembro de 2009, às 13:37, apgar 9/10, 3.415kg entre 50 e 52 cm. Com circular de cordão (como grande parte dos bebês). Participação total do meu companheiro, que pariu comigo, cortou o cordão… amor, seu apoio foi essencial, bem, apoio não é a palavra certa, pois além de estar comigo, você renasceu e em lágrimas compreendeu o universo feminino, uma pequena amostra dele.

Dr. Jesus, Dr. Paulo Hauer, Dinda, Pedro, minha mãe e minha sogra (que sempre me deram coragem) também estavam presentes e receberam Alice conosco.

Empoderamento, é como chamam, e como me sinto – mesmo dois anos após essa experiência, e esse momento foi tão divino que sinto o mesmo entusiasmo toda vez que relato nossa vivência. Alice mamou 40 minutos logo após nascer, toda mulher merece e não deve abrir mão dessa experiência. E felizmente, dando uma googlada em “parto domiciliar” vocês podem ver como a cada dia mais mulheres se permitem, e vêem relatando seus partos, documentários sendo produzidos, muita coisa rolando…

Tic tac, revivo e aprendo, revivo e sou grata, revivo e renasço.

Gracias Tiquita! Por ter nos escolhido e por nos presentear a cada dia. De toda forma. Por toda aprendizagem que nos trás e assim nos une.

Essa experiência faz parte de mim, acredito que toda fotografia, seja também, um auto-retrato do fotográfo. Por isso, compartilho com vocês…

Vamos fotografar os melhores momentos da sua história? +45 9 99661709