O Nascimento da Olivia

2018 >> 06 >> O Nascimento da Olivia

Para quem acompanha:

Relatei inúmeras vezes o nascimento da Alice, estivemos em revistas, jornais, programas de televisão… há 9 anos atrás este tipo de parto não era tão acessível, recebi também relatos de como nossa história influenciou de alguma maneira a vida de muitas pessoas e guardo cada uma delas no meu coração! Aqui o link do relato, sem nunca editar ou alterar o meu pensamento na época: Clique aqui para ler.
Hoje, sinto a necessidade de deixar claro aqui, esta é uma decisão única e somente da mulher, não existe escolha certa, ou mais humana, menos traumática, mais espiritual..
Decidi ficar na minha por muito tempo, ao perceber que o relato de parto pode ser percebido como um julgamento, cada uma de nós está desenrolando sua história, e não sendo medida pela forma como nascem os filhos. Manas estamos juntas.

Dito tudo isso, segue aqui então, um relato amoroso desse que é um dos melhores dias da minha vida, sem pretensão de pesar ou inspirar, com o propósito de registrar: a nossa história.

Copyright Eduarda Albuquerque

O Nascimento da Olivia

40 semanas em ponto, assim como na gestação de sua irmã.

As parteiras, Tatianne Frank e Alessandra Reis, estavam a postos.

A casa da vovó já preparada carinhosamente por ela.

Pari aos 19 anos e agora seria com 27, menos fada e mais bruxa, e essa parte conto para outras mulheres mais do que para Olivia:

(Tive medo da Tati não chegar a tempo de Recife, minha enfermeira obstetra mora lá e nós no Paraná ela chegaria quando eu estivesse na 37a semana), medo de que a Olivia não estava se mexendo, medo de não amar tanto quanto amo Alice, medo de amar mais Olivia do que Alice (virginiana e essas coisas acontecem aqui na minha mente) medo de não dar conta… pensava se estava trabalhando muito, depois ficava em casa, e pirava o cabeção – e sabe, tava tudo certo! Gravidez é assim, no meu caso, passavam então esses suaves medos na minha cabeça, e ao mesmo tempo, eles eram micro se comparo com o maior sentimento: uma coragem gigante, mas sem batalha pra lutar, sabe? Quando engravidei pela segunda vez eu me tornei mais completa.

Trabalho de parto: passaram 3 dias com leves contrações sem dor, algumas fisgadas parecidas com cólicas – chamadas de pródomos – lua minguante – não falei para ninguém até ter algum insight que desencadearia o trabalho de parto ativo.

Na madrugada de 24 de outubro de 2016, dormimos então na casa da vovó Preta, pois sabia que estava na nossa hora, acordei com contrações fortes as 5 da manhã, mas fiquei lá, até consegui dormir, depois me levantei e continuei a controlar as contrações por um aplicativo (ainda bem que lá pelas tantas eu parei com essa nóia)

Pensava eu que estava com dores muito fortes, que de repente, eu poderia ter esquecido que parto é assim mesmo, pensava que estava muito no início no trabalho de parto – mas já estava super adiantada – e fui indo segura e forte para um mergulho dentro de mim, não acordei ninguém.

Desci respirar lá fora no jardim, usando a bola de pilates, nesse momento a vovó acordou, acendeu uma vela e ficou lá comigo, me lembrei da frase que havia lido alguns dias atrás, que ter a mãe no parto é um impedimento para muitas mulheres…que sorte a nossa, ter minha mamãe no parto é encorajador, ela me fortalece e só de estar ali, preparando tudo com carinho, me libera para ser sua mamãe, sabia Olivia? Eu espero ser na história de vcs o que ela é para a minha. – conversamos sobre viver essa experiencia de novo e sobre a benção que era aquele momento para nossa relação, e também especulamos como será que haviam sido todos os nascimentos das nossas gerações passadas.

Alice desceu, pediu as horas, 5:30 – abraçou a barriga, beijou e voltou a dormir.

As contrações ficaram mais intensas e eu achando ainda que na verdade, ia demorar… não mandei mensagem pra ninguém e fiquei lá… não conseguia acessar o Spotify para ouvir a playlist que criei, então coloquei no youtube “música parto”.

A música era Paciencia, do Lenine.

Aí sim, eu que tava controlando tudo pelo aplicativo, que não queria chamar ninguém, que estava muito mental, me entreguei para você… que me pedia alma e calma, e não um cronograma como eu estava ditando.

chorei, deliciosamente, comigo mesma, chorei por toda a trajetória junto do seu pai, de gratidão por ser exatamente quem eu sou, me despedi da pessoa que eu fui até ali para me tornar uma nova com a sua chegada, como uma troca de pele.

As contrações estavam bem ritmadas e comecei a ficar bem irritada, lembrei que seu pai tava dormindo ainda – Cade o Rafael? – e ele desceu as escadas de banho tomado, fez um iogurte com granola despertando assim a minha ira. (trabalho de parto, temos esses sentimentos)

– Rafael, isso aqui é um parto, tá achando que é hotel? (eu estava muito brava com ele nesse momento, mas sabia que esse nascimento era entre nós duas – ou achava, leia mais pra frente)

Após meu descarrego Lenine, mandei mensagem para a Tati. (que não entendeu que estava sim em trabalho de parto ativo, aí mandei uma mensagem: vem tá nascendo! ou algo parecido…) <3)

Eu estava muito presente, não fui para a tal da partolandia (eu acho), sim quietinha e focada em ti… e esse foi um presente que ganhei nesses 8 anos após me tornar mãe: segurança de ser quem eu sou – ou seja: nenhuma sentimento vai para baixo do tapete, nervosismo, irritação, tudo isso eu olhava com um lupa e passava para o próximo round.

Chegou a enfermeira Alessandra que é amor da cabeça aos pés, e arrumou todos os materiais para a sua chegada…

Tati chegou eu já tava na minha versão loba, só de me olhar ela falou: pode chamar a Dinda pois vai nascer (ela faria as fotos!)

Comecei a ficar muito irritada, brava, e de saco cheio, pois as contrações estavam muito doloridas por mais que eu respirasse e curtisse e estivesse zen, eu só pensava: vamos logo Olivia, que tá punk!

Também me flagelei por um minuto com pensamentos de nível: que dor é essa, eu não aguento, pq inventei isso, isso é pra doido.

(ah, em toda a contração eu respirava e liberava ao invés de contrair como quando sentimos medo, acredito que esse fator também fez desse um parto mais rápido)

Eu precisava descansar, eram 9 e 40 por aí, e hoje eu vejo esse momento assim: dei um passo para trás antes de me jogar nesse precipício que é ter dois filhos e eu não fazia idéia! Vc me ouviu, e parou… ficamos em torno de 13 minutos dormindo, sem dor ou contração, no quarto bem escuro, com seu pai de conchinha, e foi um momento muito especial (até perdoei ele por comer iogurte com granola de banho tomado enquanto eu estava esperando por ele, mas nem eu mesma sabia, nesse momento eu precisava muito da atenção dele e então pude ser: frágil, eu, acolhida, com ele ali para me amparar nesse portal, pq seríamos agora uma família com 4 pessoas e eu precisava muito dele ali nesse momento, conectado com essa transformação) levantei e falei – agora sim, to pronta, e vc estava também – eu mesma havia feito o toque, e sentido que vc havia descido muito após esse momento.

Estávamos no andar de cima, e eu senti que se deixasse você nasceria naquele momento apenas com o seu pai, mas chamei a Alessandra para fazer um toque (o único e foi a meu pedido) pois não estava acreditando que tinha evoluído tão rápido (fiquei muuuuuito feliz!!!) e vc estava empelicada (bolsa não havia rompido) como estavam todos esperando, descemos a escada para vc nascer na banheira – “desci segurando”.

Como num ritual de fazer as coisas meio parecidas, entrei na banheira que sua Irmã nasceu – olhei para a Alice e sua avó que estavam na minha frente filmando e falei – para de filmar, sem ninguém. (eu só não queria ninguém na minha frente mas o papai, e as enfermeiras ficaram atrás de mim, e Dinda já com a câmera não sei por onde estava)

Sozinha na banheira ganhei uma super energia, fiz força e passei a mensagem para vc: tá na hora, nosso trabalho de parto acaba aqui! eu quero vc no meu colo, (sim, pensei tudo isso)! Duas contrações seguidas e você veio rapidinha para mim, sem circular de cordão, mas com um cordão bem curtinho! às 10 horas e 25 minutos da manhã.

Minha filhote, não existem palavras para descrever, quanto amor vc me trouxe nesse momento! E vc era exatamente como havia imaginado e sonhado durante a gravidez, e sua personalidade também é a mesma que imaginei, minha Olivia.

Alice havia subido trocar de roupa e quando chegou, vc já estava nos meus braços, ela olhou com uma cara espantada pois perdeu um minuto da história e precisou de um momento para assimilar, que aquela cabeludinha era a irmã dela, veio espiar bem de pertinho e tirar fotos, com aquele sorriso cheio de dentes de uma criança de quase 7 anos. Tem isso também, o seu nascimento me deu tantas presentes, fui mãe pela segunda vez, pude ver Alice se tornar irmã instantaneamente, o sorriso estampado no rosto de cada pessoa presente que certamente são as que mais amo nessa terra.

Nasceu e demorou algum tempinho no colo até querer mamar, você estava toda amassadinha e na hora achei que era menor do que Alice, e depois confirmamos que não (3.840kg / e sua mana 3.415kg), saímos da banheira pois eu sentia um desconforto, então fomos para um colchão ao lado e a Tati e Ale tiveram os cuidados com a hemorragia que tive após a saída da placenta. Elas são tão doces e profissionais, que nem percebi que estava acontecendo algo. Tudo certo e sangramento contido pois tinham gabarito para resolver a questão. Ali mesmo, comi duas tapiocas, ou sanduíches, nem lembro, estava com muuuuuita fome! E vc, grudadinha no mamá! Sua vovó Eladir chegou, e a cara dela de alegria vai ficar sempre no meu coração, eu tenho uma foto desse momento em algum lugar, pois foi feita com outro celular.
Ziggy, Dorinha e Tibério, sim vcs também…

Foi assim meu amor, sua chegada não teve alarde e sim suavidade, estávamos te esperando, nossa pequena Olivia… Suave da mamãe, essa é a história do seu nascimento, lembre-se sempre o quanto é amada por todos nós!

Com amor, mamãe.

Frutos

2018 >> 05 >> Frutos

Me tornei mãe quando soube que estava grávida – naquela época tudo era 8 ou 80, então, percorri um longo caminho, deixei minha mochila, abandonei tudo do lugar onde estava e segui, até que cheguei em um lugar interno de “maternar”,
tudo que importava no mundo começava com Ali e terminava com CE.
Durante os três primeiros anos de vida desse ser que me tornou mãe, eu li, conversei,
participei de grupos, palestras, sobre crianças, educação, e suas variáveis. E vivi grudadinha nela o tempo todo.
A minha identidade era então: mãe. Alice, você me ensinou a amar.
Depois de um certo tempo vivendo intensamente só esse lado, percorri o caminho de volta,
para quem eu era antes da maternidade, me questionei, demorou mas cheguei lá, e adivinha?
Lá não era o meu lugar também… como ser quem eu era, se minhas prioridades e interesses anteriores não tinham
nenhuma importancia perto do que eu vivia lá no universo da maternidade?
Peguei passagem para um lugar novo, com dores, acertos, erros, – e a cada nova fase da Alice eu era uma nova mãe.
Me encontrei! Eu estava feliz, filhos? Só depois! Então vivi esse período de 3 anos confortável na minha última parada, com minha bagagem completa e equilibrada: quem eu era: mãe, mulher, profissional, tava tudo certo!
Até que um belo dia, um pensamento entrou na rede de pensamentos aleatórios, um pensamento que só estava ali para filtrar o sentimento do meu coração: quero ser mãe novamente. Nesse tempo estávamos morando na Bahia, então conversei com o Rafa e ele que já tinha esse pensamento, também sentiu que estava na hora!
Voltamos para nossa base, e logo chegou Olivia, engravidei em fevereiro assim como de Alice.
Grávida aos 26 anos, os medos da primeira vez deram lugar à outros: como vou dar conta? como vou amar? Sutilmente passava na minha cabeça que nada seria tão intenso como da primeira vez, e a verdade é que não é!
Ao se tornar mãe pela primeira vez, nos despedimos em escala muito maior de coisas que nos identificávamos.
Então logo no início eu percebi que Olivia era macia, doce, que Olivia chegava em uma família que já caminhava fazia nove anos, então ela entraria nesse trem que já tinha norte – e eu curti, curti cada momento da chegada dessa filhota, doce Olivia, veio coroar minha fase madura, a cada situação desafiadora, que lá no passado eu teria perdido minha energia, me desdobrado, agora Olivia me dava a oportunidade de reviver com uma nova postura. E foi um presente. Olivia, você me ensinou uma nova maneira de amar.
Quando fiz a segunda foto, da Olivia, na mesma cadeirinha de criança da Alice, com quase a mesma idade, não questionei apenas o tempo de cada uma, suas particularidades e o que elas dividem mesmo em tempos diferentes.
Mas a Duda que fotografou a primeira e a segunda filha, é a mesma porém mais completa.
Sou mãe, e essa é a maior tarefa da minha vida, sem comparação com tudo que me proponho, é para minha família que sempre volto, é na família onde me questiono, e até onde a casa cai.
E o segundo filho pode te dar um presente: ser mãe, e continuar sendo você, já experimentou?

Vem, Felipe!

2017 >> 05 >> Vem, Felipe!

A gente se deu bem logo no primeiro encontro no atelier, ela grávida, eu também, Felipe e Olivia.

Foi um dos ensaios mais bacanas de fazer na minha fase grávida, na cidade de Toledo e eu estava super feliz em fotografar alguém com quase o mesmo tempo de gestação que eu – conhecer a Manu e o Andrei foi um presente maravilhoso que este trabalho trouxe, trabalho este que me traz fé, e também faz acreditar que as pessoas são boas e se amam, fotografar tudo isso e saber que é, muito além das fotografias…

Com vocês, vem, Felipe!

noix

2017 >> 04 >> noix

Vamos fotografar os melhores momentos da sua história? +45 9 99661709